A causa suspeita é uma explosão de 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio, substância utilizada como fertilizante. O produto já foi responsável por tragédias na França, na China e nos EUA.
Uma explosão aconteceu numa região portuária de Beirute, no Líbano, nesta terça-feira (4). Impacto foi tão forte que causou destruição em prédios a quilômetros de distância. Suspeita é de que a explosão tenha acontecido em um depósito de nitrato de amônio, um tipo de fertilizante. Tragédia deixou mais de 100 mortos, 4 mil feridos e 100 desaparecidos, segundo estimativa da Cruz Vermelha libanesa.
A causa suspeita é uma explosão de 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio, substância utilizada como fertilizante. Os riscos do armazenamento incorreto desse material são conhecidos, de acordo com especialista ouvido pelo G1. O produto já foi responsável por tragédias na França, na China e nos EUA.
Usado para a produção de alimentos, o nitrato de amônio precisa ser armazenado com restrições, de acordo com Guilherme Marson, professor doutor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).
“Não se armazena [nitrato de amônio] em grande escala com segurança. É necessário dividir o produto em pequenas porções para conter um possível estrago. E, principalmente, produzir e já transportar para onde será utilizado”, disse.
Segundo o químico, o nitrato de amônio não é um explosivo por si só. Ele se apresenta como um pó branco ou em grânulos solúveis em água e é seguro, desde que não aquecido ou em contato com alguma faísca. A partir de 210 °C, decompõe-se e, se a temperatura aumentar para além de 290 °C, a reação pode se tornar extremamente explosiva.
“Temperatura, faísca, um início de chama. O calor causa a decomposição, libera nitrogênio, oxigênio e água, eles expandem porque são gases (a água em fase gasosa, é claro). Rapidamente, eles produzem uma onda de choque. É um movimento mecânico dos gases, uma esfera que vai em todas as direções”, explicou Marson.
A explosão em Beirute
A explosão no porto causou destruição em larga escala e quebrou o vidro de janelas a quilômetros de distância. Alguns barcos que navegavam próximos à costa do Líbano chegaram a ser balançados pela força da explosão. As explosões chegaram a ser ouvidas em Larnaca, no Chipre, a pouco mais de 200 km da costa libanesa.
O presidente do país, Michel Aoun, disse que a capital deve declarar estado de emergência devido à explosão destra terça-feira e defendeu ser “inaceitável” que 2.750 toneladas de nitrato de amônio fossem armazenadas por seis anos em um depósito sem a segurança necessária.
Apesar de o país já ter sido alvo de terroristas e viver período de instabilidade política, não há evidência de que se trate de um atentado terrorista.