Como 36 búfalos se tornaram um rebanho de 5 mil animais e podem transformar reserva de Rondônia em deserto


RESUMO

Segundo o MPF, os búfalos foram introduzidos na área em 1953 para criação na Fazenda Pau D’óleo, então no Território Federal do Guaporé, que se tornou Rondônia. Após o abandono da fazenda, os 36 animais originais se reproduziram em um habitat com “farto alimento e nenhum predador”. O órgão estima que, se nenhuma medida for adotada, essa população poderá chegar a 50 mil até 2030, ocupando mais da metade da reserva.

A população inicialmente de 36 animais encontrou um ambiente propício para a reprodução e hoje atingiu uma população de 5 mil — Foto: ICMBio/Divulgação
A população inicialmente de 36 animais encontrou um ambiente propício para a reprodução e hoje atingiu uma população de 5 mil — Foto: ICMBio/Divulgação

Autor da ação, o procurador da República Gabriel Amorim alerta que a proliferação descontrolada s pode “manchar a credibilidade da cadeia pecuária de Rondônia”, afetando a economia local. O MPF pede um plano de controle que use métodos que minimizem o sofrimento dos animais e os danos colaterais ao meio ambiente.

Desertificação

Segundo a ação, a presença dos búfalos tem compactado o solo, favorecendo a desertificação, além de alterar o curso de rios. Nos últimos 34 anos, os ambientes alagados da reserva teriam sido reduzidos em 48% devido ao pisoteamento causado pelos animais. Além disso, os búfalos disputam recursos com o cervo-do-pantanal, espécie ameaçada de extinção.

Região da Reserva Biológica do Guaporé teria sido reduzida em 48% por conta da ação dos animais — Foto: ICMBio/Divulgação
Região da Reserva Biológica do Guaporé teria sido reduzida em 48% por conta da ação dos animais — Foto: ICMBio/Divulgação

No documento, o MPF pede que o ICMBio apresente em até dez meses um plano de controle e erradicação dos búfalos. A execução do plano caberá ao estado de Rondônia, que deverá disponibilizar recursos financeiros, servidores e equipamentos, sob a coordenação do ICMBio. O estado também terá que pagar uma indenização de R$ 20 milhões por danos morais coletivos. O valor será destinado a ações de reflorestamento nas unidades de conservação estaduais e federais em RO.

    A situação é conhecida desde 2008, quando o Ministério Público de Rondônia e outros órgãos locais visitaram a área após denúncias de intervenções em sítios arqueológicos na região. Os agentes não encontraram sinais de intervenções humanas, mas foi possível constatar a presença de vestígios de búfalos selvagens, fato que poderia causar danos ao sítio arqueológico em razão de suas pisoteadas, da consequente erosão, desvio de corpos hídricos, entre outros problemas. Desde então foram feitas várias reuniões e tratativas para tentar solucionar a questão.

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