A morte de um bebê recém-nascido no Hospital Regional de Vilhena está provocando comoção no WhatsApp. O óbito aconteceu na tarde de sexta-feira, 02, e está sendo atribuído à insistência dos profissionais de saúde da unidade em realizar o parto normal, ao invés de uma cesariana, como a mãe esperava. Pelo menos, foi isso que a própria gestante disse a uma amiga.
As imagens da mulher de 39 anos com o filho morto no colo viralizaram no aplicativo, onde ela pediu ajuda para fazer o sepultamento.
O FOLHA DO SUL ONLINE teve acesso ao Atestado de Óbito do bebê, que nem teve seu nome divulgado. Segundo está escrito no documento, foi um caso de “morte fetal de causa não especificada”.
O QUE DIZ O HOSPITAL
Em nota enviada ao FOLHA DO SUL ON LINE, o Hospital Regional disse que a paciente já chegou ao estabelecimento com o bebê morto na barriga, e revelou detalhes do atendimento. CONFIRA ABAIXO, na íntegra:
Às 08h30min a psicóloga chegou ao Centro Obstétrico procurando uma médica obstetra de plantão para relatar sobre uma gestante com 39 anos de idade que se encontrava com 39 semanas e 2 dias de gestação e precisava fazer laqueadura tubária, que os papeis para a laqueadura tubária estavam prontos, a médica pediu para trazer a gestante ao consultório para receber orientação quanto ao parto e ser avaliada.
Às 09h13min a gestante L. T. R chegou ao setor e ao passar pela triagem com a equipe e a médica não auscultaram o BCF (batimentos cardiofetais), logo em seguida a paciente relatou que não sentiu o bebê movimentar até o momento.
Foi levada para fazer uma Ultrassonografia de emergência, constatou-se com o laudo do ultrassonografia que o feto de aproximadamente de 36 semanas e 1 dia estava em óbito fetal, não foi auscultado o BCF.
A médica chegou à gestante comunicou sobre o diagnostico e explicou sobre os riscos e qual seria a melhor conduta. A paciente aceitou a indução para trabalho de parto normal.
Às 14h36min nasceu por via vaginal feto único do sexo masculino. Foi comunicado pela equipe de enfermagem para a Assistente Social e Psicóloga plantonista vir ao setor oferecer assistência psicológica, psicossocial e ofertar o enterro fúnebre.
A HISTÓRIA DA MÃE
Na manhã de sábado, 03, a dona-de-casa Lídia Teodoro Ribeiro, 39 anos, saiu do hospital para cumprir uma obrigação dolorosa: assistir o enterro do filho (FOTO) que morreu dentro de sua barriga.
Lídia é uma mulher pobre, como milhões de brasileiras, mas também muito fértil: aquele garoto que nem chegou a ver o mundo era seu 12º filho. Apesar do sofrimento que enfrentou, ela conta que foi muito bem atendida no Hospital Regional desta vez, ao contrário de uma outra ocasião, quando o parto também acabou em tragédia.
A dona-de-casa diz não saber a causa da morte do bebê em seu ventre: “na quinta-feira uma agente de saúde me visitou em casa e, tanto eu quanto o bebê estávamos bem. Fui ao postinho de saúde e me encaminharam para o hospital”.
Quando chegou ao HR, no entanto, Lídia foi informada de que o feto não estava mais se mexendo e, ao constatar a morte, os médicos retiraram a criança que ela pode segurar nos braços, produzindo a cena comovente que também foi parar nas redes sociais.
OUTRO PARTO DRAMÁTICO
Em 2019, Lídia ganhou a filha no mesmo hospital, e a menina passou 17 dias lutando pela vida antes de morrer. Neste caso, os indícios de erro médico a levaram a procurar a justiça, onde o caso está tramitando.
Naquela oportunidade, atendida na noite anterior por um médico que havia prometido realizar sua cesariana e depois fazer a laqueadura com a qual ela tanto sonhava, a mulher acabou caindo na mão de outro profissional no dia seguinte.
Este médico, segundo ela, ignorou seus pedidos para fazer uma cesariana e decidiu que o parto seria normal. A mãe conta que o profissional receitou um medicamento que teria provocado a morte do feto em sua barriga.
Resultado do que, segundo a denunciante, teria sido uma falha médica: voltou para casa sem a bebê e sem fazer a laqueadura, pela qual tanto lutara.
LAQUEADURA NEGADA 5 VEZES
Quando estava em seu sétimo filho, Lídia começou a lutar pelo direito ao procedimento que a impediria de engravidar novamente. Ela conta que nas cinco tentativas de laqueadura, seus pedidos foram ignorados pelos médicos: “eles diziam que eu era saudável e não havia necessidade do procedimento”, conta, chegando às lágrimas.
A mãe não tem boas recordações do médico que a atendeu e que, para ela, teria sido o responsável pela morte de sua filha: “eu sofrendo para ter a criança em parto normal, no qual ele insistiu contra a minha vontade, e o doutor me chamando de burra e me maltratando”.
DESBAFO
“Eu sou mãe de 12 filhos e quero dizer umas palavras para todas que judiam dos seus filhos. Hoje estou com tanta dor que fiquei pensando: como pode uma mãe fazer alguma coisa ruim com os filhos… e quero pedir para todas vocês que abracem seus filhos e sintam como é bom estar aí com eles”, disse, em mensagem enviada ao FOLHA DO SUL ON LINE
TRAGÉDIA
Casada atualmente com um ajudante de pedreiro e morando de aluguel junto com alguns dos filhos (um bebê, duas crianças, dois adolescentes e um maior de idade), a dona de casa enfrentou uma outra tragédia no ano passado: na época com apenas 18 anos, um filho dela foi baleado na cabeça em Vilhena por causa de uma dívida de 20 reais e morreu em Cacoal, onde passou 10 dias internado.
Fonte: Folha do Sul